A posição dos Estados Unidos no conflito China–Taiwan e o impacto da recente conversa entre os presidentes Xi Jinping e Donald Trump
As tensões entre China, Taiwan e Japão ganharam um novo capítulo após a mais recente conversa telefônica entre o presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, e o presidente chinês, Xi Jinping. O diálogo, centrado na crise do Estreito de Taiwan, revelou nuances importantes sobre a política externa norte-americana e o futuro da estabilidade no Indo-Pacífico.
MUNDOPOLITICA
11/25/20253 min read
1. A posição estratégica dos Estados Unidos sobre Taiwan
A política norte-americana para Taiwan baseia-se em três pilares fundamentais:
1.1. Ambiguidade estratégica
Os EUA não reconhecem Taiwan como um país independente, mas também não reconhecem o direito da China de anexá-la pela força.
Washington mantém uma postura calculada: não promete abertamente defender Taiwan, mas também não descarta fazê-lo.
Essa ambiguidade serve como:
dissuasão para a China, que não pode contar com a não intervenção dos EUA;
controle para Taiwan, que não pode declarar independência esperando apoio automático.
1.2. Apoio militar contínuo
Os EUA continuam sendo o principal fornecedor de armas avançadas para Taiwan.
A legislação americana — como o Taiwan Relations Act — obriga o país a garantir que a ilha possa se defender. Isso inclui:
sistemas antimísseis,
equipamentos navais e aéreos,
modernização das forças armadas taiwanesas.
1.3. Aliança com o Japão
O Japão é peça-chave na estratégia norte-americana.
Como aliados formais sob um tratado de defesa mútua, EUA e Japão coordenam operações militares e estratégias no Pacífico para impedir ações unilaterais da China, especialmente no Mar da China Oriental e na possível rota de invasão de Taiwan.
O que discutiram Xi Jinping e Donald Trump
A conversa recente entre Trump e Xi foi descrita como franca e centrada na crise do Estreito de Taiwan. Três elementos desse diálogo chamaram a atenção:
Xi pede “prudência” aos EUA sobre Taiwan
O presidente chinês reforçou que Taiwan permanece, para Pequim, uma “questão interna” e pediu que Washington evite:
declarações que encorajem o separatismo taiwanês,
venda excessiva de armas,
ações militares conjuntas com o Japão próximas ao Estreito de Taiwan.
Para a China, o envolvimento norte-americano é o principal fator que impede a reunificação e alimenta tensões.
Sinalização de moderação no curto prazo
Segundo Trump, Xi indicou que não pretende iniciar uma ação militar imediata contra Taiwan, postura interpretada como um gesto para evitar que a crise se transforme em conflito aberto enquanto negociações econômicas e diplomáticas continuam.
Embora não represente uma mudança estratégica, o sinal de “paciência” reduz a probabilidade de escalada súbita.
Relações bilaterais condicionadas ao tema Taiwan
A conversa também abordou comércio e cooperação econômica. Porém, Xi deixou claro que a estabilidade das relações entre China e EUA depende em grande parte:
da postura norte-americana sobre Taiwan,
do respeito ao princípio de “uma só China”,
e da limitação de apoio político ao governo taiwanês.
Assim, Taiwan continua sendo o principal teste de força da relação sino-americana.
Por que a conversa importa para o mundo
Redução temporária do risco de conflito
O fato de ambos os líderes reforçarem a necessidade de diálogo reduz, por ora, a probabilidade de um confronto direto envolvendo China, EUA, Taiwan e Japão.
Continuidade da rivalidade estratégica
Apesar do tom moderado, nada indica que a rivalidade estrutural entre as duas potências tenha diminuído.
Os EUA continuam vendo Taiwan como:
uma peça estratégica no Indo-Pacífico,
um bastião democrático na região,
e um ponto militar vital entre Japão e Filipinas.
Já a China considera a reunificação como objetivo histórico e parte central de sua legitimidade interna.
Impacto econômico global
A conversa também teve repercussões econômicas: mercados reagiram positivamente às indicações de estabilidade, e analistas acreditam que evitar confrontos militares é essencial para não interromper cadeias globais de produção e tecnologia — especialmente no setor de semicondutores, dominado por Taiwan.
A posição dos Estados Unidos continua sendo um equilíbrio delicado entre deter a China, apoiar Taiwan e evitar um conflito direto.
A conversa entre Trump e Xi mostrou que ambos compreendem os riscos de uma escalada militar, mas também deixou claro que o futuro de Taiwan permanece como o principal ponto de fricção entre as duas maiores potências do planeta.
Para o Indo-Pacífico — e para o mundo —, os próximos meses serão fundamentais para determinar se a região seguirá um caminho de contenção diplomática ou se caminhará para novas tensões.