Caixa Geral de Depósitos prepara conclusão da venda do BCA em janeiro
A Caixa Geral de Depósitos (CGD) prevê concluir em janeiro do próximo ano a venda do Banco Comercial do Atlântico (BCA), uma das principais instituições financeiras de Cabo Verde
ECONOMIA E FINANÇAS
11/26/20254 min read
O processo de alienação faz parte da estratégia de reestruturação e racionalização internacional do grupo CGD, que tem vindo a concentrar operações em mercados considerados estratégicos.
O BCA, fundado em 1993, é um dos maiores bancos cabo‑verdianos, com forte presença no segmento de retalho e uma rede consolidada no arquipélago. A venda deverá marcar uma nova fase para o setor bancário local, com impacto potencial na concorrência e na estrutura acionista do sistema financeiro de Cabo Verde.
Venda do Banco Comercial do Atlântico (BCA) pela Caixa Geral de Depósitos (CGD)
O Banco de Cabo Verde (BCV) comunicou, em 24 de novembro de 2025, que não se opõe à aquisição de 59,81 % do capital social do BCA pela Coris Holding, S.A., grupo financeiro sediado no Burkina Faso.
Com esta decisão, a CGD confirmou que o processo de alienação da sua participação no BCA deverá ser concluído em janeiro de 2026.
Contexto e histórico da operação
A CGD iniciou o processo de venda da sua participação no BCA em 2019, no âmbito da sua estratégia de racionalização internacional.
Em março de 2024, a Coris Holding foi selecionada para adquirir 59,81 % do BCA, por um valor aproximado de 70,5 milhões de euros.
A conclusão da operação dependia da aprovação regulatória do BCV, que realizou um processo de avaliação detalhado e prolongado.
O que mudará com a venda
A Coris Holding passará a deter controlo maioritário do BCA, com cerca de 60% do capital social.
Fontes: expressodasilhas.cv (+2), Jornal Económico (+2)A CGD garantiu que continuará a apoiar colaboradores e clientes do BCA até à conclusão da transação.
Fonte: Jornal Económico (+1)Apesar da venda, a CGD manterá presença em Cabo Verde através do Banco Interatlântico, outra instituição do grupo no país.
Impactos Esperados no Sistema Bancário Cabo‑Verdiano — Venda do BCA à Coris Holding
Mudança de controlo e possível realinhamento estratégico
A Coris Holding, grupo financeiro com presença em vários países da África Ocidental, assume o controlo de cerca de 59,8 % do BCA.
Esta mudança poderá implicar ajustes na estratégia de negócio do banco — desde novos produtos e serviços, digitalização e expansão regional, até um reposicionamento competitivo no mercado cabo‑verdiano.
A experiência internacional da Coris pode introduzir modelos de negócio inovadores e práticas de gestão mais integradas.
Do ponto de vista regulatório, o Banco de Cabo Verde (BCV) classificou o BCA como instituição de “elevada importância sistémica”, o que exige supervisão reforçada durante a transição. Essa vigilância pode contribuir para maior estabilidade e prudência no sistema financeiro.
Potencial reforço da concorrência interna
A venda ocorre enquanto a CGD mantém presença no país através do Banco Interatlântico, o que significa que a saída do grupo do BCA não reduz a concorrência estrangeira no setor.
Com a entrada da Coris Holding, o mercado poderá tornar‑se mais competitivo, com novas ofertas e produtos que beneficiem consumidores e empresas locais.
Continuidade com cautela e riscos — confiança e estabilidade
O BCA, sendo um banco de importância sistémica, é peça central do sistema financeiro cabo‑verdiano. Mudanças no controlo acionista podem gerar incerteza entre depositantes e investidores, sobretudo se houver alterações na gestão ou cultura corporativa.
Por outro lado, se a Coris Holding assegurar transparência, governação sólida e adaptação à economia local, a transição poderá reforçar a confiança e fortalecer o sistema bancário nacional.
Possíveis efeitos para clientes e empresas em Cabo Verde
Clientes particulares: acesso potencial a novos produtos financeiros, cartões, crédito e serviços digitais.
Empresas e PMEs: possibilidade de maior dinamismo no crédito e apoio ao investimento, caso a Coris replique a sua experiência em micro‑financiamento e banca de desenvolvimento.
Trabalhadores do BCA: risco de reestruturação interna e mudanças de gestão, mas também oportunidades de crescimento se houver expansão e investimento.
Estabilidade financeira: manter um banco sistémico sólido sob nova gestão é essencial para preservar a confiança e evitar perturbações no sistema bancário.
Principais condicionantes e riscos
O sucesso dependerá da integração eficaz da Coris no contexto cabo‑verdiano, com produtos adaptados à realidade local.
A confiança dos clientes será determinante — qualquer perceção de instabilidade pode afetar depósitos e liquidez.
O BCV terá papel central na supervisão prudencial, garantindo que as normas de solvência e governação sejam cumpridas.
Fatores macroeconómicos e sociais também influenciarão o desfecho: choques externos ou instabilidade económica podem testar a resiliência do novo acionista e do sistema financeiro nacional.
Minha visão: cenário provável e oportunidades
A venda do BCA à Coris Holding representa, a meu ver, uma renovação de oportunidades para o sistema financeiro cabo‑verdiano. A entrada de um novo grupo internacional pode impulsionar modernização tecnológica, maior concorrência e diversificação de serviços bancários, beneficiando tanto clientes particulares quanto empresas locais.
Se a transição for bem conduzida, o BCA poderá sair mais forte, com estratégias inovadoras e maior dinamismo comercial, contribuindo para o crescimento económico e para a integração financeira regional.
Contudo, o risco é real: mudanças de controlo exigem confiança, transparência e adaptação ao contexto local. A Coris Holding e as autoridades regulatórias devem atuar de forma coordenada, assegurando estabilidade, boa governação e proteção dos clientes.
Em síntese, o cenário provável é de continuidade com modernização gradual — um equilíbrio entre prudência e inovação que poderá redefinir o papel do BCA no futuro do sistema bancário de Cabo Verde.