
Cometa 3I/ATLAS acende alerta internacional por comportamento incomum
Cometa 3I/ATLAS acende alerta internacional por comportamento incomum Lisboa, 29 de outubro de 2025 Astrónomos de várias partes do mundo emitiram um alerta internacional após observarem um comportamento inesperado no cometa interestelar 3I/ATLAS, que atravessa o Sistema Solar desde o início de outubro.
ASTRONOMIA
Ana Cardoso
10/29/20252 min read


Cometa 3I/ATLAS acende alerta internacional por comportamento incomum
Lisboa, 29 de outubro de 2025
Astrónomos de várias partes do mundo emitiram um alerta internacional após observarem um comportamento inesperado no cometa interestelar 3I/ATLAS, que atravessa o Sistema Solar desde o início de outubro. O objeto, que se desloca a uma velocidade superior a 100 mil quilómetros por hora, apresentou uma súbita variação de brilho e alterações na sua trajetória, levantando dúvidas sobre a sua composição e origem.
De acordo com o Observatório Europeu do Sul (ESO), o 3I/ATLAS — o terceiro cometa interestelar já identificado — começou a emitir jatos de gás e poeira muito mais intensos do que o previsto, aumentando o seu brilho em quase 400% em apenas 48 horas. Este fenómeno, conhecido como “outburst”, é comum em cometas, mas a intensidade registada neste caso é considerada “altamente anómala”.
A Agência Espacial Europeia (ESA) confirmou que equipas de investigação estão a monitorizar o objeto em tempo real através de telescópios terrestres e espaciais. “O comportamento do 3I/ATLAS não se enquadra nos padrões típicos de cometas conhecidos. A sua atividade sugere uma composição química diferente, possivelmente rica em compostos voláteis raros”, afirmou a astrofísica Maria Kovalenko, do Centro de Estudos Espaciais de Darmstadt.
O cometa foi detetado pela primeira vez em 2023 pelo sistema de rastreamento ATLAS (Asteroid Terrestrial-impact Last Alert System), no Havai, e rapidamente identificado como um visitante interestelar — ou seja, proveniente de fora do Sistema Solar. A sua trajetória indica que não está gravitacionalmente ligado ao Sol, o que significa que passará apenas uma vez pela vizinhança terrestre antes de regressar ao espaço interestelar.
Nos últimos dias, observatórios no Japão, Chile e Estados Unidos registaram flutuações na velocidade de rotação do núcleo do cometa, sugerindo que o aumento súbito de atividade poderá estar a alterar a sua estabilidade. Alguns modelos teóricos apontam para a possibilidade de fragmentação parcial, semelhante ao que ocorreu com o cometa Borisov em 2019.
A NASA e a ESA estão a avaliar a viabilidade de uma missão de observação rápida, utilizando sondas já em operação, para recolher dados adicionais sobre a composição e comportamento do 3I/ATLAS. “Cada objeto interestelar oferece uma oportunidade única de compreender a formação de sistemas planetários além do nosso”, explicou o astrónomo norte-americano David Lin.
Apesar do aumento de brilho, os especialistas garantem que o cometa não representa qualquer risco para a Terra. A sua passagem mais próxima ocorrerá a cerca de 0,7 unidades astronómicas (aproximadamente 105 milhões de quilómetros) do planeta, no início de dezembro.
O fenómeno continua a ser acompanhado por instituições científicas em todo o mundo, e novas observações deverão ser divulgadas nos próximos dias. O 3I/ATLAS poderá tornar-se visível a olho nu em algumas regiões do hemisfério norte, caso o seu brilho continue a aumentar.